Um médico do Hospital Darci João Bigaton, em Bonito, foi exonerado do cargo após uma denúncia de possível negligência médica feita pelo vereador André Luiz Ocampus Xavier (PSDB) durante sessão na Câmara Municipal.
De acordo com o parlamentar, o caso aconteceu no dia 17 de setembro, quando uma gestante deu entrada no hospital por volta das 00h35, em trabalho de parto. O médico de plantão, que estava no local, não realizou o atendimento e deixou um recado informando que retornaria ao hospital no dia seguinte.
O vereador relatou que o profissional estava de sobreaviso, função que exige disponibilidade para atendimentos emergenciais. “Durante 30 dias, ele esteve 27 de sobreaviso no município”, afirmou André Luiz, que disse ter acompanhado a família durante a madrugada e visto os registros de ligações não atendidas ao plantonista.
“Subo à tribuna com um sentimento de profunda tristeza e, principalmente, de indignação”, lamentou. “Enquanto recebe dinheiro público, o médico tem o dever de atender a população”, destacou o vereador.
Durante o relato, o parlamentar lembra que quando o médico finalmente apareceu, por volta do meio-dia, o bebê já tinha falecido.
“O laudo médico apontou deslocamento de placenta, mas uma ultrassonografia feita no dia anterior mostrava que a gestação estava normal. Essas questões mais profundas cabem às investigações. Não sou médico, mas estou aqui para representar a população de Bonito”, destacou.
Após a denúncia feita na Câmara, a Prefeitura de Bonito confirmou o afastamento e posterior exoneração do médico. André Luiz também destacou que, com a saída do profissional, o hospital segue sem médico ginecologista.
“Vamos acompanhar de perto a situação”, reforçou o vereador, cobrando providências e melhorias no atendimento hospitalar do município.
A discussão sobre negligência médica em partos não se restringe a Bonito. Em Campo Grande, uma família se mobiliza após uma gestante perder o bebê durante o parto na Maternidade Cândido Mariano, na semana passada. Os familiares acusam o hospital de violência obstétrica, relatando que a barriga da mulher foi pressionada durante o trabalho de parto e que, após a perda, o médico teria dito que o casal era jovem e poderia “ter outro filho”.
Casos como esses mostram que não são situações isoladas. Quando há mobilização social e manifestação de representantes do povo, como a de André Luiz Ocampus Xavier, é possível mudar o cenário e evitar que tragédias como essas se repitam.