Com foco na valorização da vida e na construção de um futuro mais consciente, a Superintendência de Políticas de Direitos Humanos da Secretaria de Assistência Social e Cidadania (SAS) está realizando, até sexta-feira (19), o ciclo de palestras “Meu Futuro, Minhas Escolhas – Promoção da Vida”, voltado aos 900 adolescentes aprendizes do Instituto Mirim. A abertura do evento aconteceu nesta quarta-feira (17), no auditório do Instituto, e contou com a presença de gestores da SAS.
As palestras ocorrem nos períodos da manhã e da tarde, e têm como objetivo principal estimular a reflexão dos jovens sobre as escolhas pessoais e os impactos que elas têm no futuro. Temas como prevenção da gravidez precoce, saúde mental e valorização da vida são centrais nas discussões.
A superintendente de Políticas de Direitos Humanos da SAS, Priscilla Justi, explicou que o ciclo busca mostrar como situações de vulnerabilidade, como a gravidez na adolescência, podem gerar sobrecarga emocional e até contribuir para o desenvolvimento de sofrimento psíquico grave, incluindo pensamentos suicidas.
“Ao integrar esses dois temas, a ação fortalece os adolescentes para que desenvolvam um projeto de vida saudável, com responsabilidade, autocuidado e apoio mútuo”, destacou Priscilla.
As palestras são conduzidas por uma equipe de especialistas composta pelas psicólogas Mônica Fernandes dos Santos Pacheco, Amanda Santos da Costa e Suzamari Cândido, além da enfermeira Ana Claudia Cassu. A proposta é estabelecer um diálogo direto com os adolescentes, relacionando suas escolhas com a saúde física e emocional, além de mostrar como a gravidez precoce pode afetar a vida escolar e profissional.
A iniciativa também faz parte da programação do Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio.
Depoimentos dos jovens
Aprendiz há um ano no Instituto Mirim, Luan França Chaves de Alcântara, 17 anos, participou de três palestras neste ano e avaliou positivamente a iniciativa. “Nunca passei por isso, mas se um dia tiver um amigo ou familiar em depressão, já sei onde buscar ajuda”, afirmou. Ele também destacou a importância do espaço reservado para perguntas individuais: “O legal é que podemos tirar dúvidas em particular com os palestrantes, porque muita gente tem vergonha de falar na frente dos outros”.
Já Tâmmily Bragante Peixoto dos Santos, também de 17 anos, que participará do ciclo na sexta-feira, reforçou a importância de discutir saúde mental. “A depressão pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade. Participar dessas ações ajuda a entender melhor e, quem sabe, poder ajudar alguém um dia”, disse.
Dados reforçam a importância do tema
Estatísticas recentes mostram a urgência dessas discussões. No Brasil, uma em cada 23 adolescentes entre 15 e 19 anos se torna mãe a cada ano – mais de 400 mil casos. Em Campo Grande, foram registrados 124 casos de gravidez na adolescência apenas no primeiro semestre de 2025.
Em relação à saúde mental, os números também preocupam. Entre 2010 e 2019, os casos de suicídio no Brasil aumentaram 43%, com um crescimento ainda maior de 81% entre adolescentes. Em Campo Grande, de 2019 a 2022, houve 5.423 notificações de lesão autoprovocada.
A secretária de Assistência Social e Cidadania, Camilla Nascimento, ressaltou que o ciclo de palestras é uma forma de mostrar aos jovens a importância de cuidar não só do corpo, mas também da mente.
“A adolescência é uma fase de muitas mudanças. A falta de informação pode levar a decisões com sérias consequências. Mostrar que prevenir a gravidez precoce também é uma forma de cuidar da saúde mental é essencial para que eles façam escolhas mais conscientes”, concluiu Camilla.