Campo Grande proíbe plantio e comércio da murta para proteger citricultura

A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, sancionou nesta terça-feira (22) a Lei Municipal nº 7.451, que proíbe em todo o território do município o plantio, o comércio, o transporte e a produção da planta exótica Murraya paniculata, popularmente conhecida como murta ou dama-da-noite. A nova legislação prevê multa de R$ 1 mil para quem descumprir a norma, valor que será dobrado em caso de reincidência. Além disso, o município se compromete a realizar a fiscalização e a elaborar um plano de erradicação ou substituição das plantas já existentes.

A medida reforça o compromisso do Estado com o fortalecimento da citricultura e a proteção contra pragas que ameaçam a atividade. Segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a sanção da lei representa uma vitória importante no esforço para transformar Mato Grosso do Sul em um polo da produção de cítricos. Ele destacou que Campo Grande é atualmente a cidade com a maior concentração dessa espécie, que serve de hospedeira para o psilídeo-da-laranja — inseto transmissor do greening, considerada a mais devastadora doença dos cítricos.

A proposta foi apresentada pelo vereador Veterinário Francisco e segue o caminho já adotado em âmbito estadual com a Lei nº 6.293, sancionada no ano passado. Apesar de alguns trechos do texto original terem sido vetados pela prefeita, o objetivo central da proposta foi mantido: a proibição total do cultivo, comércio e transporte da murta na capital.

Leis semelhantes já foram aprovadas em municípios como Três Lagoas e Dois Irmãos do Buriti, e projetos com o mesmo teor estão em tramitação em outras cidades. Para o secretário Jaime Verruck, a mobilização dos municípios é essencial, especialmente com a implantação de planos de erradicação da planta.

A coordenadora de Citricultura da Semadesc, Karla Nadai, explicou que a murta é a principal hospedeira do psilídeo, um inseto capaz de voar até cinco quilômetros e, com o auxílio do vento, percorrer até 20 quilômetros. Isso significa que mesmo plantas localizadas em áreas urbanas, longe dos pomares, representam um risco à produção. Segundo ela, o ideal é que todas as murtas sejam erradicadas, inclusive nas cidades, para evitar a disseminação do greening.

A preocupação se justifica pelo avanço da citricultura em Mato Grosso do Sul. O Estado já conta com mais de 20 mil hectares de pomares plantados, com a expectativa de alcançar 30 mil hectares até o fim do ano. A política estadual de erradicação da murta e de destruição de plantas cítricas infectadas é considerada pioneira no país, o que tem atraído grandes investimentos no setor.

Além disso, o governo firmou um acordo de cooperação com o FundeCitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), organização mantida por produtores e indústrias de suco. Por meio dessa parceria, um engenheiro agrônomo foi contratado para atuar exclusivamente no Estado, oferecendo assistência técnica aos citricultores, com foco principalmente no controle do greening.

Embora a murta seja valorizada por sua folhagem perene, flores aromáticas e uso frequente na arborização urbana, a sua ligação direta com a propagação da doença que já dizimou plantações nos Estados Unidos e afetou metade das lavouras de São Paulo a transformou em um problema sanitário que precisa ser combatido com urgência.

 

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