A idealização da maternidade como uma experiência exclusivamente positiva tem silenciado o sofrimento de muitas mulheres. Especialistas alertam que a pressão para corresponder a esse modelo pode dificultar o reconhecimento de sintomas como tristeza profunda, ansiedade e exaustão emocional.
Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicam que uma em cada quatro mulheres apresenta sinais de depressão ou ansiedade durante a gestação, ou no período pós-parto. Em muitos casos, os sintomas não são diagnosticados, ou são ignorados pelas próprias mães, que temem julgamentos sociais.
O isolamento emocional e a falta de apoio adequado podem levar ao agravamento do quadro. Segundo profissionais da saúde mental, é comum que os sintomas sejam confundidos com o cansaço natural do puerpério, o que atrasa a busca por tratamento. Situações mais graves podem evoluir para depressão severa ou psicose pós-parto.
Para ampliar o debate e combater o estigma, foi lançada em Mato Grosso do Sul a campanha Maio Furta-Cor, voltada à conscientização sobre saúde mental materna. A ação prevê atividades informativas e educativas, com foco na escuta, acolhimento e informação qualificada.
A proposta central da campanha é romper o silêncio que ainda cerca o sofrimento de mães, além de reforçar a importância de oferecer apoio emocional e psicológico neste período. O nome da campanha remete à ideia de que a maternidade tem múltiplas cores e nuances — nem sempre visíveis à primeira vista.