Galinhas poedeiras foram contaminadas pela gripe aviária no Rio Grande do Sul
Wenderson Araújo/Trilux
Resumo
- Surtos de gripe aviária: O Brasil registrou seu primeiro caso de gripe aviária altamente patogênica em uma granja comercial em Montenegro, RS, resultando na suspensão das exportações de produtos avícolas para vários países, incluindo a China.
- Impacto econômico: A detecção do vírus poderia reduzir as exportações de carne de frango em até US$ 200 milhões em um mês, afetando significativamente os volumes que o Brasil exporta, que em 2025 alcançavam uma média mensal de 465 mil toneladas.
- Medidas variáveis por país: Enquanto alguns países impuseram embargos totais às importações de aves brasileiras, outros adotaram medidas de regionalização, permitindo importações de regiões não afetadas no Brasil.
Este resumo foi gerado por inteligência artificial e cuidadosamente revisado por jornalistas antes de ser publicado.
O Brasil registrou, na última quarta-feira (14), o 1º foco de gripe aviária de alta patogenicidade (IAPP/H5N1) em uma granja comercial. O local, que já está monitorado pela Defesa Agropecuária, fica em Montenegro, no Rio Grande do Sul. Com a confirmação do caso, protocolos sanitários e comerciais foram automaticamente instalados, como a suspensão das exportações de produtos avícolas. Alguns países, como a China, por exemplo, paralisaram as importações de todo o Brasil, enquanto outros mercados, apenas os produtos produzidos na região afetada pela doença.
O virus da gripe aviária foi registrado pela primeira vez no Brasil em maio de 2023, em aves migratórias localizadas mortas em praias. Ao todo, foram 158 casos, dois em aves de subsistência, como galinhas caipiras, e seis em mamíferos aquáticos que migraram para o litoral do Rio Grande do Sul. Esses casos foram monitorados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e não representavam riscos à economia do país. Desde então, o Brasil manteve o status livre de gripe aviária enquanto outros grandes produtores, na Ásia, Europa e América do Norte registraram surtos significativos da doença.
Por este motivo, em 2024, o Brasil conquistou o posto de liderança nas exportações de frango, ocupando 36% do comércio internacional da proteína. Em 2025, o cenário continuava positivo, com alta demanda voltada para o Brasil. No entanto, a confirmação do caso de Montenegro (RS) alterou a conjuntura econômica e, como consequência, diversos países suspenderam temporariamente as importações de carne de frango, seguindo os protocolos sanitários acordados previamente com o Brasil.
De acordo com o consultor Carlos Cogo, da Cogo Inteliência de Mercado, o Brasil pode deixar de exportar até US$ 200 milhões em carne de frango em um mês, devido às suspensões. “Esse montante corresponde a uma possível redução de 100 mil toneladas, considerando o preço médio de US$ 2.000/tonelada. A média mensal de exportações em 2025 tem girado em torno de 465 mil toneladas, assim, projeta-se possível queda entre 15% e 20% no volume exportado no curto prazo, a depender do número de países que manterão os embargos e da duração dessas restrições”, explica.
De acordo com Cogo, o impacto nas exportações varia conforme os protocolos sanitários estabelecidos com cada país. “Alguns importadores optam pela suspensão total dos embarques, enquanto outros adotam o critério de regionalização, permitindo a continuidade das compras de regiões não afetadas”.
As exportações brasileiras de frango estão suspensas para China, UE, Argentina, Uruguai e Chile. Países como acordos com nações como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Reino Unido e Filipinas, que são importantes clientes do Brasil no setor permitem a continuidade das exportações, desde que não sejam oriundas do município ou estado afetado.
A China é a maior importadora do Brasil, mas sua participação se limita a pouco mais de 10% de todo o volume vendido ao exterior. A UE comprou, em 2024, 5%; os países do Oriente Médio, em conjunto, respondem por 30% das exportações de carne de frango.
Segundo o especialista, além da avicultura, o impacto pode se estender para os mercados de carne suína e bovina, bem como para a cadeia de insumos, especialmente grãos como o milho, utilizado na alimentação animal. Até então, o mercado interno de frango vinha com preços firmes ao produtor e no atacado da carne, com boa liquidez nas últimas semanas. O escoamento proporcionado pela exportação tem grande influência sobre o equilíbrio doméstico dos preços.