A recente sanção da lei que proíbe o uso de animais vivos em testes para cosméticos e produtos de higiene pessoal no Brasil representa um marco para a ciência, o mercado e a defesa dos direitos dos animais. A medida, comemorada por organizações, consumidores e especialistas, coloca o país em sintonia com práticas já adotadas em diversas partes do mundo, como União Europeia, Índia e Austrália.
Entre as empresas que já seguiam essa diretriz antes mesmo de se tornar obrigatória por lei está a Natura, que deixou de realizar testes em animais em 2006, estendendo a proibição também aos fornecedores. A decisão foi fruto de um processo iniciado em 1998 e acompanhado por investimentos em ciência e tecnologia para garantir a segurança e eficácia das fórmulas por meios alternativos.
Hoje, a marca utiliza modelos computacionais in silico, testes in vitro com pele e tecidos reconstruídos em laboratório e outras tecnologias desenvolvidas em parceria com instituições de pesquisa como LNBio (CNPEM), USP e UFG. Ao todo, já são mais de 60 metodologias alternativas reconhecidas por agências e comitês científicos internacionais.
Para Ana Costa, vice-presidente de Sustentabilidade, Jurídico e Reputação Corporativa da Natura, a lei é resultado de um esforço conjunto de diferentes setores. “Essa conquista é fruto da mobilização da sociedade, da ciência e de empresas que decidiram seguir por um caminho mais ético e responsável. É também o reconhecimento de uma jornada que iniciamos há mais de duas décadas”, afirmou.
Além do trabalho em laboratório, a empresa participa de fóruns regulatórios e campanhas no Brasil e no exterior que defendem a proibição definitiva dos testes em animais. O objetivo, segundo a Natura, é contribuir para um avanço regulatório que coloque o respeito à vida no centro das decisões do setor.
Especialistas e organizações de proteção animal avaliam que a nova lei tende a impulsionar ainda mais a pesquisa por alternativas e a adoção de tecnologias que dispensem o uso de animais. Também reforçam que a mudança contribui para alinhar o Brasil a tendências globais já consolidadas.
Com a legislação, o Brasil passa a integrar a lista de nações que reconhecem a importância de métodos alternativos, reforçando o papel da ciência e da indústria na construção de um mercado de beleza mais ético, inovador e alinhado com demandas sociais e ambientais.