O Brasil perdeu nesta sexta-feira (8) um de seus maiores nomes da música: o cantor, compositor e multi-instrumentista Arlindo Cruz. Ícone do samba, ele faleceu aos 66 anos, após enfrentar complicações de saúde desde 2017, quando sofreu um grave Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A notícia foi confirmada pela família em comunicado nas redes sociais, agradecendo as demonstrações de carinho recebidas ao longo dos anos e especialmente neste momento de luto. “Arlindo parte deixando um legado imenso para a cultura brasileira e um exemplo de força, humildade e paixão pela arte. Que sua música continue ecoando e inspirando as próximas gerações, como sempre foi seu desejo”, diz a nota. Ele deixa a esposa, Bárbara, e os filhos Arlindinho e Flora.
Trajetória de um mestre do samba
Nascido em 14 de setembro de 1958, em Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho cresceu cercado pelo ritmo do samba. Aos 7 anos, ganhou seu primeiro cavaquinho e, ainda jovem, começou a tocar ao lado de grandes nomes como Candeia. Chegou a ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, mas a música sempre falou mais alto — herança de casa, influenciado pelo pai, Arlindão Cruz, e pela mãe, Aracy, que também eram músicos.
Após deixar a Aeronáutica, passou a frequentar as rodas do Cacique de Ramos, convivendo com artistas como Jorge Aragão, Beth Carvalho, Almir Guineto, Zeca Pagodinho e Sombrinha, seu parceiro de longa data. Foi nesse ambiente que recebeu o convite para integrar o Fundo de Quintal, grupo que modernizou o samba sem perder suas raízes. Ao longo de 12 anos, ajudou a transformar o gênero, até seguir carreira solo em 1993.
Com mais de 700 composições gravadas, Arlindo eternizou sucessos como O Show Tem que Continuar, Meu Lugar e Bagaço de Laranja. Sua obra, marcada por amor, fé e a vida cotidiana, foi interpretada por grandes nomes da música brasileira.
Além dos palcos, Arlindo era presença marcante no carnaval carioca, especialmente no Império Serrano, e torcedor apaixonado do Flamengo. Fiel ao candomblé e defensor da cultura popular, também levantava a voz contra a intolerância religiosa.
Sua partida deixa uma lacuna no samba, mas sua música seguirá embalando e inspirando gerações.